segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Seja Bem Vindo(a)!



Este blog foi desenvolvido por cinco alunos do 2º ano D do Ensino Médio da Escola de Referência Ginásio Pernambucano. A produção se deu a partir da idealização dos alunos, com a orientação e coordenação do professor de Língua Portuguesa, Flávio Daniel. O objetivo principal deste espaço é reunir informações sobre a vida e obra do renomado escritor, poeta, crítico.. Machado de Assis. Esperamos que a visita seja agradável e muito proveitosa. Divirta-se e aprenda!

Biografia


"Guarda estes versos que escrevi chorando como um alívio a minha saudade, como um dever do meu amor; e quando houver em ti um eco de saudade, beija estes versos que escrevi chorando."

1839
Nasce, a 21 de junho, no Rio de Janeiro, no morro do Livramento (situada na zona portuária), filho do brasileiro (mulato) Francisco José de Assis e da portuguesa (açoreana) Maria Leopoldina Machado da Câmara, que provavelmente prestavam serviços de costura e pintura e douração na Quinta do Livramento; é batizado com o nome de Joaquim Maria em homenagem aos padrinhos, que foram a dona da quinta e seu genro.


1839-1855
Não há muitos dados dessa época; sabe-se que perdeu a mãe em 1849, já tendo perdido uma irmãzinha mais nova (1845); em 1854, o pai casa-se de novo; não há notícia precisa sobre que escolas teria freqüentado.


1855
A Marmota Fluminense, de Paula Brito, publica seu poema "Ela"; inicia-se uma colaboração que duraria até 1861.


1856
Entra para a Imprensa Nacional, como aprendiz de tipógrafo, onde fica até 1858; aí conhece e se torna amigo de Manuel Antônio de Almeida.


1858
Entra para a tipografia e livraria de Paula Brito e torna-se amigo de vários jovens poetas e escritores; colabora no jornal Correio Mercantil, do qual é também revisor.


1859-1860
Colabora no periódico O Espelho, onde publica artigos de crítica teatral.


1860-1867
A convite de Quintino Bocaiúva, passa a colaborar, sob vários pseudônimos, no liberal Diário do Rio de Janeiro, no qual, além de crítico de teatro, será cronista parlamentar, junto ao Senado do Império; colabora também na Semana Ilustrada.


1863
Passa a colaborar no Jornal das Famílias, onde publica, a partir de junho de 1864, vários contos.


1864
É publicado o seu primeiro volume de poesias: Crisálidas; tem início a Guerra do Paraguai.


1866
Chega ao Rio de Janeiro D. Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã do poeta Faustino Xavier de Novais, amigo de Machado de Assis.


1868
Em carta aberta, publicada no Correio Mercantil, José de Alencar lhe pede que sirva de guia no mundo das letras para o jovem poeta Castro Alves; a essa altura, já é um crítico consagrado.


1869
Assina, com a editora Garnier, contrato para a edição do livro de poemas Falenas e de Contos fluminenses, publicados em dezembro do mesmo ano; em novembro casa-se com D. Carolina.


1872
É publicado o seu primeiro romance, Ressurreição.


1873
Publica seu segundo livro de contos, Histórias da meia-noite, e “Notícia da Atual Literatura Brasileira: Instinto de Nacionalidade”, talvez o mais importante de seus ensaios críticos; passa a trabalhar na Secretaria de Estado da Agricultura, Comércio e Obras Públicas.


1874
Publica em livro seu segundo romance: A mão e a luva, que saiu inicialmente, em partes, no republicano O Globo, de Quintino Bocaiúva.


1875
Publica seu terceiro livro de poesia: Americanas.


1876
Publica em livro seu terceiro romance: Helena, que também saíra nas colunas de O Globo.


1878
É publicado o seu quarto romance: Iaiá Garcia.


1881
Depois de sair em capítulos na Revista Brasileira, sai em livro o seu quarto romance Memórias póstumas de Brás Cubas, que revoluciona a literatura brasileira; neste mesmo ano, ocupa a função de oficial de gabinete do ministro da Agricultura; passa a colaborar na Gazeta de Notícias, o que ocorrerá até 1897.


1882
Publica seu terceiro livro de contos, Papéis Avulsos, onde se encontra uma de suas obras-primas, "O alienista".


1884
Passa a morar na Rua Cosme Velho, 18, onde residirá até a morte; reúne e publica em livro os contos de Histórias sem data, antes já estampados em três diferentes periódicos.



1888
Por decreto imperial, é nomeado oficial da Ordem da Rosa; não se manifesta publicamente sobre a Abolição da Escravatura, a respeito da qual falará discretamente em Esaú e Jacó, seu oitavo romance.


1889
Passa a ocupar uma diretoria na Secretaria de Estado da Agricultura, Comércio e Obras Públicas; reage também discretamente à Proclamação da República.


1891
Sai em livro o romance Quincas Borba, do qual uma primeira versão fora publicada, em partes, na revista A Estação; o Marechal Deodoro da Fonseca renuncia e o vice-presidente, Marechal Floriano Peixoto, assume o cargo de Presidente da República.


1893
Eclode a Revolta da Armada e tem início a Revolução Federalista, cujos objetivos eram a deposição do então presidente Floriano Peixoto; a ambas alude em Esaú e Jacó.


1896
Publicação de Várias histórias, seu quinto livro de contos; eclode a Guerra de Canudos.


1897
Torna-se o primeiro presidente da recém-fundada Academia Brasileira de Letras.


1898
O Conselheiro Lafaiete Rodrigues Pereira publica, sob o pseudônimo de Labieno, no Jornal do Commercio, uma série de artigos em que defende Machado de Assis das críticas de Sílvio Romero.


 1899
Publica Páginas recolhidas, do qual faz parte outra de suas obras-primas, "Missa do galo"; no último dia do ano, sai do prelo, em Paris, Dom Casmurro, que circulará no Brasil em 1900.


1901
É publicado um volume de suas Poesias Completas, que compreende os três livros de versos anteriores (Crisálidas, Falenas, Americanas) mais a coletânea Ocidentais, inédita em volume.


1904
Publica Esaú e Jacó, que seria seu penúltimo romance; a 20 de outubro, falece D. Carolina, o que o deixa emocionalmente devastado, conforme vários testemunhos e como relata em carta a Joaquim Nabuco.


1906
É publicada a miscelânea Relíquias de Casa Velha, da qual consta seu mais famoso soneto, "A Carolina", dedicado à mulher, já falecida.


1908
Publica-se seu nono e último romance, Memorial de Aires; falece, a 29 de setembro, aos 69 anos de idade.

Bibliografia


Comédia
Desencantos, 1861.
Tu, só tu, puro amor, 1881.

Poesia
Crisálidas, 1864.
Falenas, 1870.
Americanas, 1875.
Poesias completas, 1901.

Romance
Ressurreição, 1872.
A mão e a luva, 1874.
Helena, 1876.
Iaiá Garcia, 1878.
Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881.
Quincas Borba, 1891.
Dom Casmurro, 1899.
Esaú Jacó, 1904.
Memorial de Aires, 1908.

Conto
Contos Fluminenses,1870.
Histórias da meia-noite, 1873.
Papéis avulsos, 1882.
Histórias sem data, 1884.
Várias histórias, 1896.
Páginas recolhidas, 1899.
Relíquias de casa velha, 1906.

Teatro
Queda que as mulheres têm para os tolos, 1861
Desencantos, 1861
Hoje avental, amanhã luva, 1861.
O caminho da porta, 1862.
O protocolo, 1862.
Quase ministro, 1863.
Os deuses de casaca, 1865.
Tu, só tu, puro amor, 1881.


Algumas obras póstumas
Crítica, 1910.
Teatro coligido, 1910.
Outras relíquias, 1921.
Correspondência, 1932.
A semana, 1914/1937.
Páginas escolhidas, 1921.
Novas relíquias, 1932.
Crônicas, 1937.
Contos Fluminenses - 2º. volume, 1937.
Crítica literária, 1937.
Crítica teatral, 1937.
Histórias românticas, 1937.
Páginas esquecidas, 1939.
Casa velha, 1944.
Diálogos e reflexões de um relojoeiro, 1956.
Crônicas de Lélio, 1958.
Conto de escola, 2002.


Antologias
Obras completas (31 volumes), 1936.
Contos e crônicas, 1958.
Contos esparsos, 1966.
Contos: Uma Antologia (02 volumes), 1998
Em 1975, a Comissão Machado de Assis, instituída pelo Ministério da Educação e Cultura, organizou e publicou as Edições críticas de obras de Machado de Assis, em 15 volumes.
Seus trabalhos são constantemente republicados, em diversos idiomas, tendo ocorrido a adaptação de alguns textos para o cinema e a televisão.

Centenário de Machado de Assis


O ano de 2008 prometeu na entrada na história nos estudos machadianos. O centenário da morte de Joaquim Maria Machado de Assis, em 29 de setembro de 2008 , foi o motivo para a publicação de livros, a realização de debates e inspira a microssérie que a TV Globo planeja para julho - Capitu, adaptação de Dom Casmurro assinada por Euclydes Marinho, que terá direção de Luiz Fernando Carvalho, no âmbito do Projeto Quadrante (que estreou em 2007 com a adaptação de romance de Ariano Suassuna). O centro das celebrações será a Academia Brasileira de Letras (ABL), fundada por Machado de Assis há 110 anos.
A publicação da correspondência de Machado, organizada pelo acadêmico Sérgio Paulo Rouanet, foi um dos pontos altos do ano. Com muitas cartas inéditas, o epistolário saiu em dois volumes. De abril a novembro, a Casa de Machado também realiza ciclo de 20 conferências sobre o escritor, em que participarão, além dos acadêmicos, estudiosos brasileiros e estrangeiros como Gustavo Franco, Helder Macedo, Antônio Maura, Jean-Michel Massa e John Gledson.
A Academia fechou também convênio com o MinC para lançar todos os livros do autor a preços populares (que deverão custar entre R$ 3 e R$ 5). No fim do ano, a ABL foi publicado um dicionário sobre a obra de Machado de Assis, sob direção de Ubiratan Machado. No mercado editorial, no segundo semestre, a Nova Aguilar publicarou, em três volumes, a obra completa do autor.
O trabalho se baseia na primeira edição da obra completa na Aguilar, organizada há quase 50 anos - e que hoje em dia está desatualizada e tem erros que agora serão corrigidos. “Nesse período, muita coisa se descobriu sobre Machado. Além de novos textos de sua autoria, a fortuna crítica se enriqueceu. Tudo isso estará na nova edição”, afirma o editor Sebastião Lacerda.
Em fevereiro, a editora Record entrou nas celebrações com a publicação de Almanaque Machado de Assis - Vida, obra, curiosidades e bruxarias literárias, organizado por Luiz Antônio Aguiar. “Espero que 2008 também entre na história como o ano em que as pessoas ganharam maior intimidade com a obra de Machado e passaram a ter menos medo dela. Seu texto é elegante, mas não hermético. Machado queria ser lido”, dize Aguiar, que também publicou, em parceria com Cesar Lobo (na arte), versão em quadrinhos de “O alienista”, pela Ática. Aguiar, entre outras coisas mais, organiza para a Record livro em que 12 autores recriaram contos de Machado.

Conto: Espelho

Espelho conta sobre um homem falando de sua opinião sobre a alma humana num grupo de amigos que realizam discussões metafísicas. Ele descreve uma situação de sua juventude onde, após ter sido engrandecido pelo recém-conquistado posto de alferes, encontra-se sozinho. Solitário, passa a ter medo até a que um dia veste-se com seu uniforme de alferes e encara o espelho, encontrando assim o outro lado de sua alma (sua opinião é que temos duas almas, uma externa que nos vigia e a nossa que vigia o exterior). Isso retira-o da solidão. Portanto, este conto envidencia o conflito entre a essência (a alma interior) e a aparência (alma exterior).

Conto: Pai Contra Mãe

Pai contra Mãe conta a história de Cândido Neves, caçador de escravos fujões. Não o é por opção, apenas o é porque não agüenta qualquer outro emprego. Casa e passa a adquirir dívidas, com clientela cada vez menor; quando engravida a mulher, as dívidas aumentam. Depois de despejados vão morar em um quarto emprestado e o menino nasce. Após ceder às pressões da tia da esposa, Candinho vai por a criança na Roda dos enjeitados. Mas no caminho captura uma escrava, recebendo uma gorda recompensa, mantendo assim a criança. Mas a escrava estava grávida, e provavelmente abortou com os castigos recebidos, ficando a vida do filho de Candinho em troca da de outra

Conto: Missa do Galo

Missa do Galo fala de uma singular conversa entre uma senhora de 30 anos e um jovem 17, que tinha que manter-se acordado para acordar o amigo para irem à missa do galo. Eles conversam, ele apieda-se dela (o marido traía e ela resignava-se), admira-a e distrai-se. Por fim o amigo lhe chama, já que já havia passado da meia-noite e ele nunca mais tem outra conversa profunda com ela.

Conto: A Igreja do Diabo

A Igreja do Diabo é uma nova idéia do diabo: fundar uma Igreja e organizar seu rebanho, tal qual Deus. Após comunicar Deus de seu futuro ato, vai à Terra e funda com muito sucesso uma Igreja que idolatra os defeitos humanos. Mas aos poucos os homens vão secretamente exercitando virtudes, Furioso, o Diabo vai falar com Deus, que lhe aponta que aquilo faz parte da eterna contradição humana.

Conto: A Causa Secreta

A Causa Secreta fala de dois homens que, após um salvar a vida do outro e passar-se algum tempo, tornam-se sócios. Mas pouco a pouco um deles vai demonstrando tendências sádicas, torturando animais, fato que atordoa a esposa. Quando ela morre, Fortunato, o sádico, presencia o amigo beijar a testa da mulher e derreter-se em choro, saboreando o momento de dor do amigo que lhe traía.

Conto: A Cartomante


 A Cartomante narra a história de Camilo, Vilela e Rita. Os dois primeiros eram melhores amigos; a segunda era esposa do segundo e amante do primeiro. Quando Camilo começa receber denúncias anônimas, diminui a freqüência das visitas ao amigo. Preocupada, Rita visita uma cartomante, fato que faz Camilo rir. Quando Vilela chama Camilo a sua casa ele vai preocupado, e passa antes na cartomante pensando que não tem nada a perder. Ela lhe assegura que nada vai dar errado e ele chega despreocupado a casa de Vilela, onde encontra Rita morta. Vilela então o mata.

Poesia: No Alto



O poeta chegara ao alto da montanha,
E quando ia a descer a vertente do oeste,
Viu uma cousa estranha,
Uma figura má.


Então, volvendo o olhar ao subtil, ao celeste,
Ao gracioso Ariel, que de baixo o acompanha,
Num tom medroso e agreste
Pergunta o que será.


Como se perde no ar um som festivo e doce,
Ou bem como se fosse
Um pensamento vão,


Ariel se desfez sem lhe dar mais resposta.
Para descer a encosta
O outro lhe deu a mão.

Poesia: Uma criatura

Sei de uma criatura antiga e formidável,
Que a si mesma devora os membros e as entranhas,
Com a sofreguidão da fome insaciável.


Habita juntamente os vales e as montanhas;
E no mar, que se rasga, à maneira de abismo,
Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.


Traz impresso na fronte o obscuro despotismo.
Cada olhar que despede, acerbo e mavioso,
Parece uma expansão de amor e de egoísmo.


Friamente contempla o desespero e o gozo,
Gosta do colibri, como gosta do verme,
E cinge ao coração o belo e o monstruoso.


Para ela o chacal é, como a rola, inerme;
E caminha na terra imperturbável, como
Pelo vasto areal um vasto paquiderme.


Na árvore que rebenta o seu primeiro gomo
Vem a folha, que lento e lento se desdobra,
Depois a flor, depois o suspirado pomo.


Pois esta criatura está em toda a obra;
Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto;
E é nesse destruir que as forças dobra.


Ama de igual amor o poluto e o impoluto;
Começa e recomeça uma perpétua lida,
E sorrindo obedece ao divino estatuto.
Tu dirás que é a Morte; eu direi que é a Vida.
 

Poesia: Carolina

Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.


Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs o mundo inteiro.


Trago-te flores - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.


Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.


Machado de Assis, 1906

 

Poesia: Menina e moça

 
 
Está naquela idade inquieta e duvidosa,
Que não é dia claro e é já o alvorecer;
Entreaberto botão, entrefechada rosa,
Um pouco de menina e um pouco de mulher.


Às vezes recatada, outras estouvadinha,
Casa no mesmo gesto a loucura e o pudor;
Tem cousas de criança e modos de mocinha,
Estuda o catecismo e lê versos de amor.


Outras vezes valsando, o seio lhe palpita,
De cansaço talvez, talvez de comoção.
Quando a boca vermelha os lábios abre e agita,
Não sei se pede um beijo ou faz uma oração.


Outras vezes beijando a boneca enfeitada,
Olha furtivamente o primo que sorri;
E se corre parece, à brisa enamorada,
Abrir as asas de um anjo e tranças de uma huri.


Quando a sala atravessa, é raro que não lance
Os olhos para o espelho; e raro que ao deitar
Não leia, um quarto de hora, as folhas de um romance
Em que a dama conjugue o eterno verbo amar.


Tem na alcova em que dorme, e descansa de dia,
A cama da boneca ao pé do toucador;
Quando sonha, repete, em santa companhia,
Os livros do colégio e o nome de um doutor.


Alegra-se em ouvindo os compassos da orquestra;
E quando entra num baile, é já dama do tom;
Compensa-lhe a modista os enfados da mestra;
Tem respeito a Geslin, mas adora a Dazon.


Dos cuidados da vida o mais tristonho e acerbo
Para ela é o estudo, excetuando-se talvez
A lição de sintaxe em que combina o verbo
To love, mas sorrindo ao professor de inglês.


Quantas vezes, porém, fitando o olhar no espaço,
Parece acompanhar uma etérea visão;
Quantas cruzando ao seio o delicado braço
Comprime as pulsações do inquieto coração!


Ah! se nesse momento, alucinado, fores
Cair-lhe aos pés, confiar-lhe uma esperança vã,
Hás de vê-la zombar de teus tristes amores,
Rir da tua aventura e contá-la à mamã.


É que esta criatura, adorável, divina,
Nem se pode explicar, nem se pode entender:
Procura-se a mulher e encontra-se a menina,
Quer-se ver a menina e encontra-se a mulher!

Poesia: Círculo vicioso


Bailando no ar, gemia inquieto vagalume:
"Quem me dera que eu fosse aquela loira estrela
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
"Pudesse eu copiar-te o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela"
Mas a lua, fitando o sol com azedume:
"Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume"!
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta luz e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vagalume?"...

Resumo da obra: Helena


Dividido em 28 capítulos, a ação de Helena avança de modo linear: começa com a morte do Conselheiro Vale a abertura de seu testamento e conclui com a morte da protagonista, o desespero de Estácio e o beijo de Camargo em Eugênia, sua filha. Entre um ponto e outro transcorrem os dez meses vividos por Helena no Andaraí, em companhia do irmão, da tia, D. Úrsula, e dos amigos que os visitam, entre os mais íntimos contando-se Camargo e família, Mendonça, por um tempo noivo da heroína, e o Padre Melchior, o conselheiro religioso e sentimental da maioria das personagens. Normal0 21 falsefalsefalse PT-BRX-NONEX-NONE MicrosoftInternetExplorer4
No espaço do Rio de Janeiro colonial, um homem importante e rico mantém caso amoroso com uma mulher que havia migrado do Rio Grande do Sul e se separara do marido, devido a dificuldades financeiras. A mulher já possuía uma filha, que, mais tarde, foi perfilhada pelo amante rico. Esta filha é Helena. Mesmo sabendo de tudo, ela é recebida no seio da família do amante de sua mãe, já morto, e entra em posse de uma herança considerável. A convivência termina por gerar uma paixão recíproca entre Helena e seu suposto irmão Estácio. O drama de incesto abala as estruturas da família de Estácio e tudo caminha para um final surpreendente.
Conselheiro vale era um homem rico, e tinha um caso amoroso com Ângela, uma mulher que havia migrado do RS, ela tinha uma filha, Helena. Conselheiro Vale morre, e em seu testamento ele alegava que Helena era sua filha e que ela devia tomar seu lugar na família, todos acreditam nisso, porém Helena sabe que não é verdadeiramente sua filha, mas na sua ânsia de ascender socialmente acaba aceitando isso.
À princípio, D. Úrsula reage com um certo preconceito à chegada de Helena, mas no decorrer da narrativa ela vai ganhando o amor de D. Úrsula, Estácio porém, era um bom filho, e faz a vontade do pai sem indagar nada. Dr. Camargo acha aquilo um absurdo, pois ele queria casar sua filha, Eugênia, com Estácio para que eles se tornassem ricos às custas do dinheiro de Estácio, e mais um familiar só iria diminuir a parte da herança de Estácio.
Helena toma seu lugar na família como uma mulher de fibra, uma verdadeira dona de casa, cuida muito bem de sua nova família, dirige a casa melhor do que D. Úrsula o fazia, e impressiona não só a família como toda a sociedade em geral, porque além de ser uma mulher equilibrada como poucas que existiam, era linda, sensível e rica.
Ao decorrer da narrativa, Helena vai impressionando mais e mais Estácio, e nisso acaba se apaixonando por ela, e ela por ele. Eis aqui o problema central do conflito no livro, de um lado Estácio, se martirizando por se apaixonar por sua suposta irmã, o que era um pecado, e do outro Helena, também apaixonada por Estácio, esta sabia de toda verdade, mas não podia jogar tudo para o alto e ficar com ele, porém, pressionada por Camargo que ameaçava tornar público seus misteriosos passeios matutinos, se ela não empurrar Estácio na direção do enlace com Eugênia. Neste ponto então surge Mendonça, que se apaixona pela heroína e então pede Eugênia em casamento também para tentar esquecer Helena. O Padre Melchior é quem induz Helena a casar-se com Mendonça, cujo cerco à moça era evidente a todos.
A família possuía uma chácara, e perto dessa chácara tinha uma casa simples, pobre, e Helena costuma a visitar sempre essa chácara, um dia Estácio resolveu seguí-la, e lá conheceu Salvador, e foi tirar satisfações sobre as visitas de Helena, Salvador começou a lhe contar uma grande história, e surpreendeu Estácio ao lhe revelar que Helena era sua filha, não de Conselheiro vale, e toda a História da vida de Helena até ali. Nesse mesmo dia Helena após uma forte chuva fica debilitada, à beira da morte, Estácio, tomado por seu forte amor vai cuidar de Helena e lhe faz essa declaração. Helena, muito doente, morre. Estácio casa-se depois com Eugênia, porém, após a nova releitura do testamento e o casamento, o fato é que os personagens não serão mais os mesmos. Estácio desacreditando do amor e Eugênia casada mais por conveniência. O falecimento de Helena reconduz a ação ao estado inicial: não apenas porque o enredo começa com uma morte, mas também porque, com o desaparecimento dela, tudo retorna à situação anterior à abertura do testamento do Conselheiro. Estácio é de novo o filho único e pode casar com a prometida de infância, Eugênia.